Setor audiovisual lança entidade e estudo na busca de política pública

O universo audiovisual no Brasil ganhou, nesta segunda-feira (6), um impulso extra em sua articulação institucional. Ao mesmo tempo em que foi anunciada a Federação do Comércio e Indústria do Audiovisual (Fica), veio a público um levantamento inédito da Oxford Economics, encomendado pela Motion Picture Association (MPA), que mensura o peso econômico desse segmento.

Segundo o estudo, a atividade audiovisual gerou em 2024 um impacto total de R$ 70,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do país, correspondendo a 0,6% da economia nacional e sustentando 608.970 empregos diretos e indiretos.

A apresentação dos dados ocorreu no RioMarket, fórum de negócios que acontece paralelo ao Festival do Rio. O relatório aponta que a indústria audiovisual emprega diretamente cerca de 121.840 pessoas, volume equivalente ao da produção farmacêutica e superior à força de trabalho da indústria automotiva.

A pesquisa também mostra que o setor vai além da produção e distribuição de conteúdos para cinema, TV e streaming. Sua cadeia movimenta turismo, promove a imagem internacional do Brasil e amplia exportações audiovisuais.

No recorte apenas das atividades diretamente ligadas à criação, filmagem e pós-produção — incluindo empresas de cinema e televisão, emissoras, técnicos independentes e prestadores de serviços —, o setor respondeu por R$ 31,6 bilhões do PIB, aproximadamente 12% do setor de serviços públicos, e registrou remuneração média mensal de R$ 6.800, valor 84% acima da média nacional.

Os autores do relatório, Daniel Diamond e Alice Gambarin, ressaltam ainda que a indústria recolheu R$ 9,9 bilhões em tributos no ano passado.

Para Walkíria Barbosa, produtora de cinema e sócia do Grupo Total que assume a presidência da nova federação, os números reforçam a necessidade de políticas públicas estruturantes. A criação da Fica tem como objetivo unificar representações do setor e consolidar uma voz única junto aos governos.

Inspirada em experiências estrangeiras, como a da Coreia do Sul — responsável por exportar mais de US$ 14 bilhões em conteúdo audiovisual e musical em 2023 —, a Fica pretende atuar para que o Brasil adote um modelo de política de Estado para o setor. Walkíria lembra ainda o crescimento chinês no número de salas de cinema, de 3.500 em 2008 para 90 mil atualmente, como exemplo de expansão possível.

Segundo a produtora, um documento com diretrizes para uma política nacional já foi aprovado no RioMarket e há um prazo de um ano para sua implantação efetiva.

Após a divulgação do estudo, representantes da indústria intensificaram reuniões com órgãos do governo, como os ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), da Cultura (MinC) e a Ancine. Walkíria destaca o apoio do secretário-executivo do MDIC, Márcio Elias Rosa, que viabilizou a inclusão do audiovisual no programa Nova Indústria Brasil.

Para ela, o movimento é resultado de uma ação coletiva: “Nada se faz sozinho. Muitas mãos entenderam o valor estratégico do audiovisual para o Brasil. É um dos principais instrumentos de soft power que temos”.

© Arquivo/Agência Brasilia

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