Santander financia imóveis populares comprados por investidores em áreas valorizadas da capital paulista
Dos 16 projetos de moradia voltados a programas habitacionais financiados pelo banco Santander na cidade de São Paulo, nove estão situados em regiões de alto padrão. Parte desses imóveis foi adquirida por investidores interessados em obter lucro com aluguel, e não por famílias de baixa renda.
Desde o início de 2021, o braço brasileiro do grupo financeiro espanhol adquiriu 5.337 unidades enquadradas nas categorias de Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação de Mercado Popular (HMP). A informação foi apresentada nesta terça-feira (28) por Elisangela Perussi Martins, representante da área de Negócios Imobiliários do Santander, durante sessão da CPI da Câmara Municipal que apura possíveis irregularidades em programas de moradia popular.
Entre os empreendimentos localizados em regiões mais nobres da cidade, três estão em Pinheiros, dois na Vila Mariana e os demais em Perdizes, Vila Nova Conceição, Vila Clementino e Itaim Bibi. Os outros sete empreendimentos estão distribuídos em bairros como Ipiranga, Vila Saúde, Vila Cordeiro, Planalto Paulista e Belenzinho.
Na semana anterior, a CPI ouviu o depoimento da diretora de crédito do banco Itaú, Priscilla Dias Ciolli, que afirmou que a maior parte dos financiamentos concedidos para imóveis das categorias HIS e HMP em São Paulo foi contratada por investidores, com foco em locação. Entre 2021 e 2025, das 1.833 unidades financiadas a pessoas físicas, 1.105 foram compradas por investidores e 728 por moradores, representando 60,2% do total financiado com fins de investimento.
O incentivo à construção de empreendimentos nas áreas centrais da capital faz parte da política municipal voltada à moradia social, criada para aproximar a população de baixa renda das regiões onde há mais oferta de empregos e serviços. As construtoras e incorporadoras que aderem a esses programas recebem benefícios, como isenção de impostos e incentivos urbanísticos.
A utilização dessas unidades por investidores e sua concentração em bairros valorizados têm levantado dúvidas sobre o alcance social da política de habitação, que deveria priorizar famílias em situação de vulnerabilidade e garantir o direito à moradia acessível.
Imagem: Internet


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