Produção de resíduos avança em 2024, enquanto a destinação adequada apresenta melhora
O Brasil registrou, em 2024, a geração de 81,6 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, um aumento de 0,75% em comparação ao ano anterior. Do total produzido, 76,4 milhões de toneladas foram efetivamente coletadas, e pouco mais da metade recebeu tratamento considerado ambientalmente adequado, sendo encaminhada a aterros sanitários.
Os números, divulgados no Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2025, da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), correspondem a uma produção média de 384 quilos por habitante ao ano. Embora a disposição irregular ainda represente 40,3% do total, o índice mostra leve avanço em relação ao cenário anterior, quando 41,5% dos resíduos tinham destinação imprópria.
O presidente da Abrema, Pedro Maranhão, destaca que, mesmo após a proibição nacional das formas irregulares de descarte, ainda existem milhares de lixões em operação, gerando impactos ambientais e sanitários significativos.
Reciclagem
No mesmo ano, 7,1 milhões de toneladas de resíduos secos chegaram à reciclagem, o equivalente a 8,7% do total de resíduos gerados. Desse volume, 2,5 milhões de toneladas vieram da coleta pública, enquanto 4,6 milhões de toneladas foram recolhidas por meio de atividades informais. Cerca de metade desse material foi efetivamente recuperada; o restante acabou sendo descartado como rejeito.
Uso energético de resíduos
Pela primeira vez, o estudo avaliou o aproveitamento de resíduos orgânicos e materiais não recicláveis para geração de energia, reunindo dados sobre combustível derivado de resíduo, biogás, biometano e compostagem. Essa abordagem, classificada como reciclagem bioenergética, permitiu verificar que o reaproveitamento de orgânicos alcança proporção maior do que a reciclagem tradicional de materiais secos. Segundo o relatório, 11,7% dos resíduos totais puderam ser transformados em energia ou composto orgânico, enquanto a reciclagem mecânica de secos permaneceu em 8,7%.
O diretor técnico da Abrema, Antônio Januzzi, explica que a metodologia adota critérios já previstos na Política Nacional de Resíduos Sólidos, que considera reciclagem qualquer processo capaz de gerar novos produtos ou insumos a partir de resíduos.
Logística reversa
A edição do panorama também avaliou o desempenho dos 13 sistemas de logística reversa existentes no país, abrangendo desde pilhas, pneus e medicamentos até materiais como vidro, aço e eletrônicos. Januzzi ressalta que os resultados sinalizam progresso na adoção de práticas alinhadas à economia circular, além de destacar que a regulamentação recente, conhecida como Decreto do Plástico, ampliará o alcance desse sistema.
Desafios municipais
Em manifestação enviada à Agência Brasil, a Confederação Nacional de Municípios afirma que cidades com até 50 mil habitantes continuam sendo as que mais necessitam de suporte técnico e financeiro para encerrar lixões e implantar aterros sanitários. A entidade observa que fatores como custos de operação, critérios técnicos rigorosos e dificuldades de formação de consórcios tornam o processo mais complexo, especialmente em regiões com baixa densidade populacional.
A CNM também chama atenção para as limitações relacionadas ao aproveitamento energético de resíduos, apontando que a viabilidade técnica e econômica tende a ocorrer apenas em municípios ou consórcios com maior população. A entidade reforça que iniciativas dessa natureza devem se concentrar exclusivamente nos rejeitos, de forma a não prejudicar catadores e catadoras que atuam na cadeia de reciclagem.
Imagem: Marcello Casal Jr.


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