Mudança de clima: Amazônia reúne pesquisadores do Brasil e França

A cidade de Belém, no Pará, se tornou, nesta semana, o centro de uma articulação internacional entre ciência, cultura e política. É lá que ocorre o Seminário Conexões Amazônicas – Pesquisas Colaborativas entre Brasil e França, que abriu na terça-feira (26) as atividades científicas da Temporada Brasil-França 2025. O evento segue até o dia 29, no Museu Emílio Goeldi

Com foco especial na Amazônia, o seminário reforça os laços históricos entre os dois países e projeta um futuro colaborativo, diante dos desafios impostos pela crise climática global. A iniciativa se insere na agenda bilateral que, a cada ano, realiza uma temporada de eventos em cada nação.

Para Sophie Jacquel, representante da Embaixada da França no Brasil, o momento é crítico: “Estamos em um momento em que a Amazônia se aproxima de um ponto de não retorno pela mudança climática e isso é uma preocupação muito forte de ambos os governos e também dos pesquisadores brasileiros e franceses”. Ela destaca ainda a necessidade de fortalecer o compartilhamento de conhecimento e a interdisciplinaridade entre os campos de pesquisa.

Laços históricos e cooperação científica

Criada em 2023, a Temporada Brasil-França surgiu como parte das celebrações pelos 200 anos da relação bilateral. Desde então, iniciativas vêm sendo lançadas para aproximar ainda mais os dois países. Uma delas é o Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica (CFBBA), inaugurado em novembro de 2024 na Guiana Francesa.

Segundo Nadège Mézié, assessora internacional do CFBBA, as universidades da Amazônia brasileira e da Guiana Francesa compartilham não só desafios sociais e ambientais, como também a capacidade de pensar soluções conjuntas. “São territórios com enorme potencial para construção de futuros compartilhados”, afirma.

Durante os três dias de seminário, cientistas brasileiros e franceses vão apresentar pesquisas recentes sobre sociobiodiversidade, meio ambiente e mudanças climáticas, com o objetivo de formular novas propostas a serem levadas à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém.

Protagonismo da juventude científica

A programação da terça-feira foi dedicada a jovens pesquisadores, que compartilharam seus estudos com cientistas experientes em um exercício de construção coletiva do conhecimento. “São eles que vão fazer a ciência de amanhã, que têm ideias disruptivas, que têm novas soluções, especialmente os jovens cientistas da Amazônia, que trabalham pela Amazônia", ressalta Sophie Jacquel.

Ao final do seminário, será produzido um documento colaborativo com propostas ambientais, que deve circular entre os próximos eventos científicos internacionais até a COP30. “É o papel da ciência servir de base às decisões de governos e dos tomadores de decisões e construtores de políticas públicas”, reforça.

Programação

Com atividades organizadas em três eixos – clima e transição ecológica; diversidade das sociedades; e democracia e globalização equitativa – o seminário reúne nomes como Stéphan Rostein, Laure Emperaire, Pascale de Robert, a ex-ministra da Justiça da Holanda Christiane Taubira, Bepunu Kayapó, Lúcia Hussak van Velthem e Loudes Furtado.

O evento é promovido pela Embaixada da França no Brasil, Museu Emílio Goeldi, Centro Franco-Brasileiro de Biodiversidade Amazônica e Associação Comercial do Pará.

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