Microplásticos: Um Desafio Urgente para o Brasil

O oceano, que deveria ser sinônimo de vida e equilíbrio, vem recebendo uma carga alarmante de resíduos. Segundo a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Brasil contribui com até 190 mil toneladas de lixo plástico anualmente para o ambiente marinho.

MEIO AMBIENTE

8/11/20251 min read

O oceano, que deveria ser sinônimo de vida e equilíbrio, vem recebendo uma carga alarmante de resíduos. Segundo a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Brasil contribui com até 190 mil toneladas de lixo plástico anualmente para o ambiente marinho.

O problema é global: o mundo produz cerca de 400 milhões de toneladas de plástico por ano e menos de 10% é reciclado. Pior: 80% do plástico que chega ao mar vem de atividades em terra — como turismo, indústria, ocupação urbana desordenada e falhas na gestão de resíduos. O restante vem de atividades marítimas, como transporte naval e pesca.

Os impactos são profundos. Uma vez no oceano, os plásticos se fragmentam em partículas minúsculas — os microplásticos — que se espalham por marés e ventos, sendo ingeridos por peixes, tartarugas, aves e outros animais. Eles já foram encontrados até em placentas humanas, cordões umbilicais e órgãos, sinalizando riscos diretos à saúde.

Para a presidente da ABC, Helena Nader, a resposta precisa ser imediata e articulada:

“Precisamos rever estratégias nacionais e investir em educação, inovação e regulação para proteger a saúde humana e os ecossistemas.”

O relatório “Microplásticos: um problema complexo e urgente” apresenta seis caminhos estratégicos para virar o jogo:

  1. Revisar e fortalecer planos e tratados contra a poluição plástica.

  2. Investir em reciclagem, reutilização e substitutos biodegradáveis.

  3. Criar mecanismos para avaliar riscos à saúde e aproveitar tecnologias limpas.

  4. Qualificar e formalizar catadores e capacitar professores.

  5. Promover mudanças legais para garantir coleta seletiva e descarte correto.

  6. Implementar educação ambiental em larga escala, incluindo indústrias e agronegócio.

Como reforça Adalberto Luis Val, vice-presidente da ABC:

“Não podemos mais tratar plásticos como descartáveis. É hora de assumir a responsabilidade pelo ciclo completo, da produção ao descarte.”

O recado é claro: o momento de agir é agora. A saúde dos mares — e a nossa — depende disso.