Jardineiro transforma sobras de madeira em refúgio para aves em Pedreira (SP)

Em meio à rotina apressada da cidade, um morador de Pedreira (SP) encontrou uma maneira simples e inspiradora de se conectar com a natureza. O jardineiro Paulo Roberto Bataglioli, que há mais de 25 anos trabalha cuidando de jardins, decidiu transformar sobras de madeira em abrigo para aves. Desde 2022, ele já instalou mais de mil ninhos em residências, empresas e propriedades rurais do município — todos de forma voluntária.

A iniciativa nasceu da observação atenta do cotidiano. Durante o trabalho, Paulo percebeu que muitas aves estavam perdendo espaço para nidificar. Ao ver ninhos danificados ou árvores podadas, ele sentiu que poderia contribuir de algum modo. Assim surgiu o projeto artesanal que devolve aos pássaros o que a urbanização lhes retirou: um lugar seguro para viver.

“Eu sempre vi os passarinhos como companheiros. Enquanto trabalho, eles estão por perto, alimentando-se entre as plantas. Faltava abrigo, então resolvi usar o que tinha disponível. Comecei a fazer os ninhos e funcionou”, conta o jardineiro, de 48 anos.

Com apoio da esposa, ele cuida de cada detalhe: escolhe bambus e madeiras reaproveitadas, prepara os ganchos metálicos e dá cor às casinhas com tintas doadas. Quando algum ninho se deteriora, ele o substitui ou restaura, garantindo que o espaço continue habitável.

Mais do que um gesto de carinho, o trabalho é um compromisso com a vida ao redor. Paulo afirma que não busca reconhecimento nem retorno financeiro. Seu propósito é permitir que as aves encontrem abrigo e possam se reproduzir tranquilamente. O sonho dele é ver Pedreira repleta de cantos e cores, como em cidades onde a presença das aves faz parte da paisagem cotidiana.

O projeto segue de forma colaborativa. Ele nunca cobrou pelos ninhos e, quando produz comedouros em parceria com um marceneiro amigo, apenas o custo do material é repassado. A iniciativa ganhou apoio da comunidade, que doa tintas, madeiras e ferramentas. “Hoje tenho clientes e vizinhos que contribuem com o que podem. Cada um ajuda um pouco, e assim a gente vai mantendo o trabalho”, conta.

O resultado já é visível — e audível — pelas ruas e jardins de Pedreira. Espécies como canários-da-terra, corruíras, suiriris, bem-te-vis-rajados e até marias-cavaleiras-do-rabo-enferrujado têm feito das casinhas o seu lar.

Para Paulo, o maior retorno vem do que se ouve e se vê: o voo dos filhotes, o som dos cantos e a certeza de estar reconstruindo um elo entre a cidade e a natureza. “Cuidar das aves é também cuidar da gente”, diz.

Imagem: Internet

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