Itaipu conclui primeira etapa de projeto-piloto de ilha solar flutuante

A usina hidrelétrica de Itaipu, situada na fronteira entre Brasil e Paraguai, finalizou a etapa inicial de instalação do projeto-piloto de uma ilha solar flutuante, destinada a gerar energia renovável para uso interno da própria unidade.

A iniciativa prevê a fixação de 1.568 painéis fotovoltaicos sobre o reservatório do Rio Paraná, que abastece as 20 turbinas responsáveis pela produção hidrelétrica. Essa primeira fase, encerrada em 26 de setembro e divulgada pela empresa na sexta-feira (3), envolveu a montagem e ancoragem dos módulos.

A estrutura ocupa 7,6 mil m², área próxima ao tamanho de um campo de futebol. Nas próximas semanas, serão instalados os últimos componentes e conectados cabos de energia e comunicação. Em seguida, ocorrerão testes sem geração (frios) e, depois, com energização.

A previsão é que a operação comece em novembro, com potência de 1 MWp (megawatt-pico) — energia suficiente para abastecer 650 residências e que será consumida internamente pela usina.

Prazo e ajustes

A empresa informou que, em julho, a obra estava com 60% de execução e previsão de conclusão para setembro. Contudo, segundo Márcio Massakiti Kubo, da Superintendência de Energias Renováveis, o cronograma precisou de ajustes devido às chuvas e às exigências de segurança dos trabalhadores e da operação da hidrelétrica.

Ele acrescentou que a montagem requer cuidados específicos por estar próxima ao vertedouro e à área náutica de segurança operativa.

O investimento é de US$ 854,5 mil (cerca de R$ 4,5 milhões), realizado pelo consórcio binacional formado pelas empresas Sunlution (brasileira) e Luxacril (paraguaia), vencedor da licitação.

Avaliação e potencial

Após o início da operação, a ilha passará por um ano de avaliação para medir a viabilidade técnica, os ganhos do projeto e possíveis efeitos ambientais. O estudo servirá de base para decisões sobre uma futura ampliação do sistema.

Segundo estimativas da própria Itaipu, cobrir apenas 1% do reservatório poderia gerar 3,6 TWh anuais, cerca de 4% da produção de 2023 da hidrelétrica.

A empresa afirma que não foram identificados impactos ambientais relevantes em estudos anteriores, o que motivou a execução do piloto. O projeto inclui monitoramento permanente de aspectos como qualidade da água, floração de algas, mudanças no habitat de aves e peixes, entre outros.

Perspectiva de expansão

Durante visita anterior, o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Rogério Meneghetti, destacou que, se no futuro fosse possível ocupar 10% do reservatório com painéis, a geração poderia chegar a 14 mil MW, o dobro da capacidade atual, transformando a hidrelétrica em um complexo híbrido. Ele ressaltou, porém, que nem todas as áreas são aptas, pois algumas são destinadas à navegação e à reprodução de espécies aquáticas.

Recorde histórico

Responsável por aproximadamente 9% da energia elétrica consumida no Brasil, Itaipu é administrada conjuntamente por Brasil e Paraguai. O lado brasileiro localiza-se em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Em 5 de setembro, a usina atingiu o marco de 3,1 bilhões de MWh produzidos desde 1984. Esse volume seria suficiente para suprir o planeta inteiro por 44 dias ou abastecer o Brasil por seis anos e um mês.

Além da geração hidrelétrica, Itaipu investe em pesquisa para diversificar fontes renováveis, como hidrogênio verde e biocombustíveis. Uma das ações converte materiais apreendidos em contrabando em biogás.

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