Festa Literária das Periferias destaca pensamento negro e tradição caribenha no Rio
A 15ª edição da Festa Literária das Periferias (flup) tem início nesta quarta-feira (19), no Viaduto de Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro. Com o tema Ideias para Reencantar o Mundo: escrevivências, sonhos e batidões, a programação deste ano celebra o legado político e cultural do Caribe e suas influências na diáspora africana, especialmente no Brasil. O evento se estende de 19 a 23 e de 27 a 30 de novembro, reunindo autores, artistas e público em um espaço marcado pela diversidade e pela produção cultural periférica.
A escritora Conceição Evaristo, criadora do conceito de escrevivência — que transforma vivências individuais em narrativas coletivas da experiência afro-brasileira — é a homenageada da edição. É a primeira vez que a flup presta reconhecimento a um autor ainda em vida.
A programação inclui também uma mostra dedicada ao militante e intelectual anticolonial Frantz Fanon, cujo pensamento crítico sobre racismo, colonialismo e estruturas de poder segue influente. A mesa O sonho de nossos heróis, que precisamos manter vivo reunirá Conceição Evaristo e Mireille Fanon, filha do filósofo, para um diálogo sobre trajetórias de resistência no Brasil e no Caribe.
Outra atração é a intervenção códigos negros, inspirada na obra Os condenados da terra, de Fanon. A instalação apresenta trabalhos digitais exibidos em painéis de LED, desenvolvidos pelos artistas Guilherme Bretas, Ilka Cyana, Poliana Feulo e Walter Mauro, com recursos de inteligência artificial e outras tecnologias visuais. De acordo com a curadora Silvana Bahia, a proposta utiliza ferramentas digitais para atualizar debates sobre colonialidade, violência estrutural e desigualdades de gênero e raça presentes no pensamento de Fanon.
Com mais de uma década de atuação, a flup já ocupou diferentes territórios do Rio de Janeiro, como Morro dos Prazeres, Vigário Geral, Mangueira, Babilônia, Vidigal, Cidade de Deus, Maré, Biblioteca Parque e Museu de Arte do Rio. A iniciativa promove inclusão cultural e formou dezenas de autores, além de ter publicado mais de 30 livros ao longo de sua história.
O trabalho da flup já recebeu reconhecimentos nacionais e internacionais, como prêmios do jornal O Globo, do London Book Fair, do Instituto Pró-Livro e o Jabuti na categoria fomento à leitura. Em 2023, foi declarada patrimônio imaterial pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro.
Imagem: FLUP


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