COP30: países amazônicos anunciam monitoramento conjunto da floresta

Na COP30, realizada em Belém, os países que compõem a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) anunciaram um novo esforço conjunto para aprimorar o monitoramento ambiental na região. A iniciativa contará com aporte de R$ 55 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, via Fundo Amazônia, destinados à modernização dos sistemas nacionais de observação da floresta e ao fortalecimento técnico das ações de prevenção e combate ao desmatamento e à degradação florestal.

O anúncio foi feito nesta quinta-feira (13) durante atividade paralela à conferência. A OTCA reúne Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, que agora passam a atuar de forma coordenada no compartilhamento e no aperfeiçoamento de dados ambientais.

Durante o evento, o secretário-geral da organização, o etnólogo colombiano Martin von Hildebrand, ressaltou a necessidade de uma visão integrada da Amazônia, destacando que a perda de qualquer parte do bioma afeta toda a sua dinâmica. Para ele, o monitoramento conjunto deve permitir respostas rápidas tanto para evitar danos quanto para recuperar áreas vulneráveis.

O projeto será desenvolvido em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, responsável pela transferência de tecnologia e pela cooperação técnica com os demais países. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, lembrou que esse trabalho se articula a iniciativas já em andamento para consolidar um painel técnico-científico voltado ao acompanhamento da região, que deverá subsidiar políticas públicas nas áreas de clima, biodiversidade e recursos hídricos e pesqueiros.

Marina também informou que será criada uma comissão formada pelos ministros de meio ambiente dos países amazônicos, com o objetivo de harmonizar estratégias voltadas à proteção da floresta e ao enfrentamento de crimes transfronteiriços. Segundo ela, o grupo pretende avançar em ações vinculadas ao desenvolvimento sustentável, à infraestrutura resiliente e à proteção da biodiversidade, além de estabelecer mecanismos seguros de acesso ao patrimônio genético, evitando práticas de biopirataria e assegurando repartição justa de benefícios.

Com uma área de 6,7 milhões de quilômetros quadrados e quase 50 milhões de habitantes, a Amazônia ocupa papel central na regulação climática do continente, influenciando inclusive o regime de chuvas em outras regiões da América do Sul. A OTCA atua como organismo intergovernamental para promover políticas de desenvolvimento sustentável no território.

Atualmente, cada país dispõe de métodos próprios para monitorar sua área amazônica, mas a proposta agora é avançar para um sistema padronizado que permita comparações e diagnósticos regionais. Hildebrand destacou que a integração é fundamental para garantir coerência nas ações de proteção, lembrando que avanços isolados perdem efeito quando desequilíbrios persistem em áreas vizinhas.

Entre os instrumentos que podem ser fortalecidos está o Observatório Regional da Amazônia, plataforma que reúne informações sobre temas como biodiversidade, recursos hídricos, incêndios, áreas protegidas, povos indígenas e cobertura florestal. A diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, explicou que o novo projeto busca ampliar a interoperabilidade entre bases de dados e reforçou que a iniciativa só terá resultados consistentes com a adoção de metodologias alinhadas entre os países. Segundo ela, a ausência de padronização favorece a atuação do crime organizado, que tende a explorar fragilidades nas fronteiras.

Imagem: Tânia Rêgo

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