Brasil tem queda na desigualdade em educação, emprego e meio ambiente
O Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades lançou, nesta quinta-feira (28), o terceiro Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2025, elaborado pelo Dieese. O estudo, apresentado na Câmara dos Deputados, revela que, dos 43 indicadores analisados, 25 avançaram, 8 permaneceram estáveis e apenas 3 registraram retrocessos.
Brasília – O Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades lançou, nesta quinta-feira (28), o terceiro Relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades 2025, elaborado pelo Dieese. O estudo, apresentado na Câmara dos Deputados, revela que, dos 43 indicadores analisados, 25 avançaram, 8 permaneceram estáveis e apenas 3 registraram retrocessos.
Apesar dos progressos em áreas como meio ambiente, trabalho, educação e saúde, o relatório enfatiza que as desigualdades estruturais de raça, gênero e entre regiões persistem de forma dramática no país.
Meio Ambiente: Luzes e Sombras
Avanço: O Brasil, sede da COP30, reduziu suas emissões de CO₂ per capita de 12,4 tCO₂e (2022) para 10,8 tCO₂e (2023).
Avanço: A área desmatada caiu 41,3% entre 2022 e 2024.
Alerta: Estados como Acre (+31%), Roraima (+8%) e Piauí (+5%) tiveram alta no desmatamento. A ativista Gisele Brito, do Instituto Peregum, vinculou o problema ao modelo do agronegócio, que é "concentrador de renda e terra" e gera conflitos com populações tradicionais.
Educação: Melhora, mas com Déficit
O acesso à creche (0 a 3 anos) subiu de 30,7% (2022) para 34,6% (2024), mas ainda está longe da meta de 50% do PNE.
A taxa de escolarização no ensino médio chegou a 74% e, no superior, a 22,1%.
A desigualdade de gênero e raça no ensino superior é evidente: mulheres não negras são 32,4% dos universitários, enquanto as mulheres negras são 20,3%.
Renda e Trabalho: Crescimento que não Equaliza
A renda média subiu 2,9% em 2024, para R$ 3.066, e a taxa de desocupação caiu para 6,6%.
A queda no desemprego foi maior entre mulheres (de 9,5% para 8,1%) e pessoas negras (de 9,1% para 7,6%).
No entanto, a concentração de renda segue extrema: os 1% mais ricos têm uma renda 30,5 vezes maior que a dos 50% mais pobres.
A proporção de pobres caiu 23,4% em 2024, segundo critérios do Bolsa Família.
Saúde: Queda Nacional, Desigualdade Regional
A mortalidade materna caiu drasticamente, de 113 (2021) para 52 (2023) óbitos por 100 mil nascidos vivos.
Porém, as regiões Norte (71/100 mil) e Nordeste (59/100 mil) apresentam taxas muito acima da média nacional, evidenciando a disparidade regional.
Retrocessos Preocupantes
O relatório alerta para pioras em indicadores cruciais:
Feminicídio: O número de casos subiu de 1.350 (2020) para 1.492 (2024).
Mortes Evitáveis: A taxa subiu de 30,6% (2021) para 39,2% (2023), sendo muito mais alta entre a população negra (51,8% para homens negros).
Desnutrição Infantil Indígena: A taxa de crianças indígenas com peso baixo subiu de 6,7% (2022) para 7,7% (2023).
Moradias em Risco: 4,3 milhões de pessoas viviam em áreas de risco em 2025, um aumento de 7,5%.
A Desigualdade como Problema Estrutural
O sociólogo Clemente Ganz Lúcio, coordenador do relatório, definiu as desigualdades brasileiras como um "problema dramático" e estrutural. Para ele, mesmo com melhoras, os avanços são lentos.
A diretora técnica do Dieese, Adriana Marcolino, reforçou que a distância entre negros e não negros, homens e mulheres e entre as regiões Norte-Nordeste e Sul-Sudente é tão grande que mesmo os indicadores que crescem não são capazes de fechar as lacunas rapidamente.
O deputado Pastor Henrique Vieira (PSol-RJ) defendeu que os dados devem servir para ações concretas: “Isso não são números. São pessoas, histórias, memórias, mulheres, trabalhadores e crianças que precisam de um país justo".
O Pacto defende a transformação por meio de investimentos em empregos de qualidade e políticas públicas direcionadas para superar essas disparidades.

